A espécie Pirá, que está ameaçada de extinção, reapareceu no Baixo São Francisco, entre os estados de Sergipe e Alagoas, após campanha encabeçada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Segundo a Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas da empresa, esse reaparecimento se deu cerca de um ano após a soltura de peixes juvenis no rio. “A reprodução do Pirá na região tem ocorrido apenas artificialmente, em laboratório. O risco de extinção permanece, especialmente porque as condições que dificultam a reprodução ainda estão presentes. Mas o fato de terem aparecido na pesca denota que os exemplares soltos no rio encontraram condições satisfatórias para se desenvolverem”, explica o engenheiro de pesca Albert Rosa, analista da Codevasf.
O Pirá também é conhecido como Pirá-Tamanduá, por possuir um focinho que lembra o do Tamanduá e que lhe permite capturar com eficiência invertebrados – principalmente moluscos – que vivem no substrato do leito do rio São Francisco, seus afluentes e lagoas marginais. É um peixe de couro, de cor branca-azulada, que, por sua beleza, apresenta grande procura pela aquariofilia (prática de criar peixes, plantas e outros organismos aquáticos em aquários). Pode atingir 13 kg de peso e 1m de comprimento.
A campanha para o salvamento do Pirá teve início em dezembro de 2015, com a captura de reprodutores e matrizes no rio Paracatu, no Alto São Francisco em Minas Gerais, única região da bacia hidrográfica onde a espécie ainda era encontrada. Após a construção de grandes barragens no leito do São Francisco, como a de Sobradinho, ela havia desaparecido das regiões do Médio e Baixo São Francisco.
O passo seguinte consistiu na adaptação e quarentena dos exemplares no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Três Marias, em Minas Gerais, e depois, no transporte de 20 pirás para o Centro Integrado de Itiúba, em Alagoas. Nessa unidade, passaram por processo de adaptação e desenvolvimento, indução artificial de reprodução e produção de alevinos, culminando na soltura de peixes juvenis no rio.
O Pirá passou a ser considerado peixe-símbolo do São Francisco em 1997, em Penedo (AL), por ocasião do lançamento do Projeto Peixe Vivo, quando os Correios colocaram em circulação um carimbo comemorativo da espécie nativa do rio. Esse projeto, coordenado pela Codevasf, envolveu estudantes e pescadores artesanais da região da Área de Proteção Ambiental (APA) da Marituba e recebeu prêmio nacional como grande iniciativa de recuperação da biodiversidade da ictiofauna do “Velho Chico”.
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